sexta-feira, 11 de outubro de 2013

'Caçula' abusado: Montenegro vai à Inglaterra sonhando com a Copa


Postado As:  20:44  |  Em:  Futebol Internacional

Apenas seis anos depois de sua primeira partida oficial, a seleção de Montenegro já terá o duelo mais importante de sua curta história. Nesta sexta-feira, a equipe que representa um dos países que formavam a antiga Iugoslávia vai até o mítico Wembley para encarar a Inglaterra com um objetivo palpável: dar um importante passo rumo à Copa do Mundo. Quis o caprichoso destino traçado pelo futebol que a seleção caçula da Europa encarasse justamente a nação-mãe do futebol. 
Montenegro se desvinculou da Sérvia em 2006, após uma seleção com atletas dos dois territórios disputar a Copa do Mundo na Alemanha. Ao contrário de outros países da região, como Bósnia e Croácia, que guerrearam pela independência, a separação foi amigável: um plebiscito decidiu pelo desmembramento. Em março de 2007, a seleção montenegrina entrou em campo pela primeira vez, em amistoso contra a Hungria. De lá para cá, a ascensão foi meteórica para um país com população de apenas 640 mil pessoas. 
- Conseguir a classificação para a Copa do Mundo significaria tudo para o povo. Nós somos um pequeno e jovem país, e, por isso, o sucesso teria ainda mais significado para nós – disse o atacante Dejan Damjanovic, em entrevista por e-mail, ao GLOBOESPORTE.COM. 
Dejan Damjanovic jogo Montenegro (Foto: AFP)
Para o jornalista Ivica Madzarovic, do site “Crna Gorski Fudbal”, um dos motivos que explicam a rápida evolução de Montenegro é a paixão do país pelo futebol, comparada por ele à forma como os brasileiros se envolvem com o esporte. Os dois principais representantes da habilidade montenegrina são os atacantes Jovetic, do Manchester City, e Vucinic, do Juventus.
- É algo que está no nosso DNA, não tem a ver com sorte. Nossas crianças primeiro aprendem a chutar uma bola, e depois a andar. Neste sentido, acho que temos muito em comum com os brasileiros. Nossos jogadores são muito habilidosos. Aqui, pensamos no futebol como um divertimento. Se nos classificarmos para a Copa, será mais do que um sonho. Será algo quase irreal. Acho que pessoas de países maiores não conseguiriam imaginar como estamos nos sentindo agora – analisou o repórter. 
invasão de torcedores inglaterra x montenegro (Foto: Reuters)
Forasteiros na seleção
Outro fator que ajudou Montenegro foi a “importação” de jogadores. Damjanovic é um exemplo: ele é nascido em Mostar, na Bósnia, mas escolheu defender o novo país. Além disso, outros nove jogadores convocados pelo técnico Branko Brnovic para os jogos contra Inglaterra e Moldávia são sérvios. Nada que incomode os montenegrinos: afinal, o atacante fez gols importantes nas eliminatórias, como os que garantiram os empates com Inglaterra e Polônia. 
- Eu nasci em Mostar, mas minha família por parte de pai é de Montenegro. Quando me convocaram, eu fiquei muito feliz e honrado. E hoje sou muito satisfeito com a minha decisão, ainda mais por ter feito gols importantes nas eliminatórias – disse Damjanovic. 
- Os torcedores não fazem distinção entre os jogadores montenegrinos e sérvios. Damjanovic, por exemplo, fez gols decisivos e é como um deus para os fãs. As relações entre Montenegro e Sérvia são muito boas. Depois da separação, que foi feita num plebiscito pacífico e sem incidentes, muitos atletas da Sérvia vieram representar Montenegro porque há menos competição que na Sérvia – explicou Veselin Drljevic, editor do jornal “Najcitanije”.
Em comum entre sérvios e montenegrinos da seleção, está a necessidade de atuar no exterior para evoluir na carreira. A liga nacional não é das mais competitivas, e, como acontece com os outros países dos Bálcãs, a emigração é necessária. 
- Os jovens jogadores vão embora do país com 18, 19 anos, porque não podem se desenvolver na liga doméstica. Não há dinheiro nem incentivo aos clubes, e este é um problema que precisamos resolver o mais rápido possível - revelou Madzarovic.
vucinic, de montenegro, comemora gol de cueca contra suíça (Foto: EFE)
Começo surpreendente nas eliminatórias
Com seus estrangeiros e a habilidade típica dos descendentes da antiga Iugoslávia, Montenegro fez bonito nas eliminatórias. A equipe chegou a liderar o Grupo H, à frente da Inglaterra, mas perdeu um pouco de rumo ao ser goleada em casa pela Ucrânia por 4 a 0, em junho. 
- Aquele jogo em casa foi o momento mais difícil para nós. Poderíamos encaminhar a classificação com uma vitória, e esta pressão nos atrapalhou. Mas desde o primeiro jogo nós acreditamos em ir ao Brasil. Foi importante para nós conseguir bons resultados no início. Não podemos mais cometer os mesmos erros – contou Damjanovic. 
Faltando duas rodadas para o fim das eliminatórias, Montenegro está em terceiro lugar, com 15 pontos, mesmo número da Ucrânia, segunda colocada, e um a menos que o English Team. Um triunfo em Wembley, além de importante pelo simbolismo, deixaria o time muito próximo da classificação, já que, na rodada final, o duelo é com a Moldávia, em casa. 
Inglaterra é o desafio
Para conseguir tal feito, Montenegro terá de se superar. Contra os ingleses, o time está repleto de desfalques. O capitão Vucinic se lesionou e foi cortado, bem como o zagueiro Basa e o goleiro Bozovic. Jovetic, craque da equipe, não está em perfeitas condições físicas. O desespero é tanto que dois atletas convocados – o meia Drincic e o atacante Delibasic – estão sem clube e o provável goleiro titular, Poleksic, jogou apenas três partidas oficiais desde 2010. 
- Será um jogo muito difícil. É complicado substituir nossos melhores jogadores, porque não temos tantas estrelas como a Inglaterra. Mas nós provamos nos últimos anos que podemos jogar bem mesmo quando temos problemas de lesões. Acreditamos no nosso time. Nossos jogadores atuam pela terra natal deles e pelo povo, não por dinheiro. É isso que nos torna diferentes – disse o jornalista Madzarovic. 
Stevan Jovetic Montenegro (Foto: AP)
Esperança de gols da seleção, Damjanovic resume bem a situação: o confronto com os ingleses vai decidir o destino de Montenegro. 
- Este jogo é uma final. Quem vencer irá para o Brasil. E nós realmente acreditamos que, com bom trabalho em equipe, podemos alcançar um bom resultado. Eles são um time grande, e a pressão está com eles. É a nossa chance. Todo mundo aqui acredita que pode realizar este milagre. O Brasil está tão longe, mas também tão perto. 
Mesmo em caso de derrota, a sensação será de missão cumprida no pequeno país montenegrino. A lição de que o caçula europeu pode sonhar com a maior competição de futebol do planeta já foi dada. 
- Eu acredito que podemos alcançar o impossível e derrotar a Inglaterra. Mas, mesmo se não conseguirmos, não ficaremos desapontados. Nossos jogadores mostraram ser ótimos durante as eliminatórias – completou Madzarovic. 

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